E, com o tempo, fui me dando conta que as coisas verdadeiras são. E, por serem, ficam, permanecem, perduram, perpassam o tempo.
Como diria meu amigo Matheus, as coisas não fazem sentido. Elas têm existência.
Como diria meu amigo Matheus, as coisas não fazem sentido. Elas têm existência.
Desde criança convivendo com animais, sempre foi mais ou menos difícil despedir-me de cada um deles. Às vezes, muito mais, outras um pouco menos. E dói inevitavelmente.
Minha grande amiga Pera, que compartilha comigo o amor pelos animais, diz: "Eles têm a horinha deles" com a serenidade do que é natural. E é. Mas eu já me apavorei com a tal horinha.
Pavor e pânico de me separar deles.
Algumas vezes, a despedida veio com um alívio após sofrimento e dor, doenças graves. Outras, abruptas, como se o Universo os tivesse roubado de mim. E aquele pedaço fica faltando por um tempo mesmo.
Já senti de tudo um pouco: medo, culpa, desespero, pânico, tristeza, dor, sofrimento, vazio, impotência, coração em frangalhos etc.
Mas, hoje, venho falar do avesso desse mesmo momento de separação (e através do qual me possibilitou emergir), que é o amor, na sua vivência mais pura e genuína. Água mais limpa que guardamos dentro do peito.
Conviver com um animal aumenta a qualidade de um coração humano. Eles, animaizinhos, nos humanizam.
Eu teria inúmeras histórias para contar de quantas vezes eu cresci ao me deparar com a ternura e sabedoria dos bichinhos que passaram pela minha vida. Todos eles. De várias espécies e cada um com sua particularidade.
Histórias experimentadas por mim e por amigos, né, Sapato?
Eles, definitivamente, são minha ponte com o meu Ser. Algo difícil de se manter, para mim, a conexão com o Ser interior pleno. E com eles me conecto com o Universo. Eles me permitem me reconectar comigo. Olhar para mim. Enxergar.
E o Totó, meu dachshund mais velhinho, 14 anos completos, foi diagnosticado com linfoma há poucos meses.
Não, não estou me despedindo dele.
Vim dizer que cada dia a mais que o vejo andar, latir, comer sozinho, até correr e brincar (ele não perdeu o espírito jovem) meu coração se enche de alegria.
Cada hoje, cada agora é o momento mais precioso. Momento de gratidão.
Sabe quando o coração observa algo e sorri?
É assim. Meu coração sorri a cada passinho meio manco (artrose), meio desequilibrado e até cambaleante dele. Cada lambidinha é o carinho mais encantador do mundo. Posso ouvir e sentir, sinestesicamente, um "estou aqui" a cada lambida, como raras vezes ouvi.
É o amor materializado flutuando sobre 4 patinhas cansadas, pelinhos embranquecidos e um focinho gelado (às vezes, quente, sempre controlando a febre).
Ele chegou em 2002, assustado, chorão, bagunceiro, arteiro. Brigou, bateu, apanhou, se machucou, quase morreu, foi pai de 5 filhotes, fez a gente muito feliz. E transformou minha vida para sempre.
Jovem, fazia xixi onde não devia, desobedecia e deu um trabalhão. Hoje, entende um simples olhar de "pode", "vem", "papinha". E, sinceramente, agora já pode tudo.
Num outro diagnóstico de doença grave de outro cão, me desestruturei, me desintegrei. Desde o diagnóstico até o final foi desesperadamente incapacitante. Hoje, morro de saudades dela (Bibi), mas consigo falar sem chorar e tenho convicção absoluta de que ela está aqui dentro. O amor não morre. Só é vivido sob outro formato. Sabe aquilo, as lágrimas que insistem em cair de vez em quando são para irrigar as flores que plantamos juntos!
Como eu disse, esta não é uma despedida. É uma declaração de amor eterno. Vivido. Experienciado. Sentido. Imortalizado.
Incrivelmente sensivel e profundo texto. Meço as pessoas por gostarem ou nao gostarem de animais. Nunca erro. Os animais de estimaçao sao a escora que Deus deu ao ser humano para conseguir seguir em frente. Nao a toa eles vivem menos que nós. Seria muito egoismo nosso que eles abrilhantassem nossas vidas para sempre. Prefiro nao falar da despedida, mas nos anos e atos inesqueciveis que cada um deles nobremente nos concedem. Obrigado por existirem em nossas vidas. Eles sempre foram e sempre serao a minha luz e a minha conexao com Deus.
ResponderExcluirGratidão pela sua amizade!
ExcluirBelo texto
ResponderExcluirTexto maravilhoso! Emocionante...
ResponderExcluirSaudades eternas...💔🐾🐾
Estou com você! ❤
ExcluirLindo texto, explicou tudo o que senti ao perder minha Lola, com quase dois meses que ela se foi ainda dói muito pensar que não a verei mais ,mas vida que segue e guardarei comigo as lembranças boas que ela nos deixou
ResponderExcluirO amor é a força da vida. Nunca morre. Somente temos que vivê-lo de formas diferentes. Ainda vai doer um tempinho, mas logo somente ficará o amor e a gratidão por ter convivido com a Lola durante a vida dela. É ums honra, um privilégio! ❤
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