Outro dia, estava conversando com uma acupunturista sobre acupuntura veterinária e surgiu o assunto sobre como animais com quem convivemos sentem as experiências dos donos, numa espécie de transferência.
Os animais não apresentam sentimentos tão apurados como os humanos, mas a senciência deles é notável e altamente delicada.
Não é a primeira vez que passo por uma situação dessas, aliás, teria um tratado para escrever sobre minha relação com uma cachorra que perdi em 2013.
Atualmente, dentre todos meus queridos cães, a ligação com uma delas é, também, especial.
Ela fez dois anos recentemente e ocupa um lugar terno, doce e eterno no meu coração, mesmo com tão pouco tempo em minha vida e na minha família.
A cada dia, um olhar, um gesto, uma aproximação, um cheiro, um ronco preenchem tantos vazios. É uma companheira sem defeitos.
Daquelas que anda atrás como sombra. No banheiro, na cozinha, na sala, por onde vou, ela está atrás. Olhos e olhar sempre atentos me fitando.
Acontece que, assim como numa outra vez, estou passando por uma dificuldade emocional. Tristeza, mesmo. Sofrimento. E a imunidade dela caiu exatamente junto com esse episódio.
Por ser um cão alérgico, as crises surgiram desde então e fungos de fase imundeprimida.
Num primeiro momento, eu não tinha me dado conta, mas é comum os animais absorverem os sentimentos da família. Não sentem a mesma espécie de sentimento, mas apresentam o estresse respectivo ao padecer do cuidador. São espelhos emocionais.
Fiquei pensando o quão somos responsáveis pelos animais de quem cuidamos. Não nos é permitido sermos egoístas a ponto de deixarmos de cuidar da gente, sob pena de o animalzinho sofrer por nós.
Pensei, também, ainda que não racional, obviamente, o quão altruísta e solidária é essa reação: "obrigar" seu cuidador cuidar de si, olhar para si, valorizar a si mesmo e sua saúde.
Os animais, enquanto animais e tão renegados a qualidade de meros animaos por tantas pessoas, nos levam a ter posturas genuinamente humanitárias.
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