Escrevi "Sobre o amor" há alguns dias atrás. Faz um tempinho considerável já diante da grave situação. E está tudo bem!
Trata-se da enriquecedora convivência com um animalzinho muito amado, idoso, passando por um linfoma.
Precisei viajar por uma semana, apreensão. Será que ele vai me esperar?
A viagem era importante e muito esperada. Foi sensacional.
O receio de não estar perto dele até o fim me amedrontava. Faz parte da minha evolução pessoal estar perto dos que amo até a passagem. Lealdade, confiança, amor.
E coragem. Há que ser forte para ver o outro passar e manter a serenidade. Há que se mostrar firme diante do implacável e comprovar que quem ama segue até o passamento, ainda que doa muito.
Conversei com ele antes de ir. Expliquei tudo o que aconteceria, pedi que ele me esperasse, se pudesse. E que eu me esforçaria para entender se isso não fosse possível para ele.
Os gânglios estão bem aumentados. Todos. Bastante. Um pouco mais fraco. Comendo pouco. Fazendo febre.
Não deixei adeus, apenas até a volta. Eu voltaria a vê-lo. Confiei e fui.
E ele me esperou.
Cheguei a tempo de vê-lo andando, podendo estar perto, sentir o cheiro, abraçar, acarinhar.
Olhinhos lacrimejantes me diziam: "ainda estou aqui, esperando você".
Foi (outro) presente. Gratidão plena pela oportunidade de continuar.
Eu nem esperava merecer tal presente. Já pedi e não recebi. Já fiquei sem chão.
Mas eu plantei muitas sementes de amor incondicional, talvez seja preciosa época de brotar.
Seguimos.
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