CÃES - Tratando cão com linfoma

Meu dachshund de 14 anos foi diagnosticado com linfoma.
Linfoma é um câncer (tumor maligno) que tem origem no sistema linfático, uma rede complexa de tubos (vasos linfáticos), nódulos (ou linfonodos) e outros órgãos, que é responsável pelo transporte de linfócitos (glóbulos brancos), entre outras substâncias, através dos vasos linfáticos, para todas as partes do corpo.

Ele já é idoso e tinha alguns nodulinhos pelo corpo. Pela idade, não foi indicado remoção. Até porque está controlado e relativamente estacionado.

Dias atrás, após uma falta de apetite, notei alguns nódulos, que não havia até então, na região lateral do pescoço, altura da garganta. Achei que eram nódulos novos, mas o vet pediu exame ao apalpar.
O resultado foi linfoma não agressivo.

Disse que todos os linfonodos estavam aumentados. Na verdade, era um aumento do linfonodo. Os demais também estavam, eu que não tinha observado. Os de trás das patas traseiras (atrás das "coxas") também estavam endurecidos e aumentados. Parecia uma gordurinha endurecida, não chamou minha atenção.

Ele está bem.
Foi indicado um tratamento quimioterápico não agressivo, considerando a idade dele.
Linfoma não tem cura, mas controle.
Vamos ver como ele reage à quimioterapia.

Tratamento indicado: Prednisona, Vincristina, Ciclofosfamida.
Duração 52 semanas.

Início: 29/11/16.

Semana 1 (29/11/16): inicialmente, sem efeitos colaterais. Comendo, bebendo bem. Fezes e urina normais.

Semana 2 (07/12/16) : a medicação quimioterápica, que seria feita a cada 21 dias, foi adiantada. Os gânglios do pescoço diminuíram bastante, mas não o suficiente e os gânglios de posterior das patas traseiras ainda estão bem aumentados. A aplicação foi tranquila.
Uma das medicações (quimio oral) está difícil encontrar. Está com quimio intravenosa e corticóide oral.
Não jantou tudo, comeu metade, estava com olhos pequenos, lacrimejantes e com tremores. Estava mais frio, pus roupinha, mas já devia estar com início de febre. Era por volta de 20h30m.
Na noite dessa segunda aplicação (23h) teve febre de 41,3oC. Tremores/calafrios. Ficou bem prostrado. Foi dado antitérmico, ventilador e compressa gelo na barriga. Reduziu a temperatura em torno de 1 hora. Estabilizou com 39,5oC. Já estava bem ativo, querendo passear (antes nem levantava), fez xixi, cocô normais e bebeu água e comeu biscoito canino.

Semana 3 (13/12/16): muita febre (em torno de 40oC) e antitérmico. Tem ficado no soro. Desidrata com facilidade. Está prostrado. Melhora levemente e baqueia de novo. Dificuldade em manter a temperatura. Alteração hepática (fígado). Suspensão da quimio nesta semana. Vitamina e medicação para o fígado. Meus cães comem comida natural, mas tem preferido ração. E, com a falta de apetite, o que ele quiser comer, ofereço. Vamos ver como o organismo reage até a próxima.

A semana ainda não acabou e ainda está sendo difícil. Ele está debilitado. Ora estável, ora bem ruim. Dificuldade de andar, fraqueza, falta de apetite.
Tomou soro três vezes, com medicação para fígado, para dar uma reerguida.
A situação agravou porque estourou uma ferida enorme numa das patas dianteiras, entre os dedos. Alguma infecção oportunista que veio à tona pela imunidade baixa talvez.
Dias difíceis.

Semana 4 (21/12/16): Quimio suspensa. Em tratamento para estabilizar. Iniciou uma secreção verde pelo nariz. Os ferimentos da pata continuaram vazando. Entramos com antibiótico. Apesar de agressivo para o estômago, o antibiótico tem feito maia efeito positivo. As feridas da pata estão mais secas e menos purulentas. Ainda sem muito apetite, mas come pouco. Não fez febre e está mais ativo.

Semana 5 e 6 (01/01/17): mantivemos a quimio suspensa. Há uns dias, ele não comia sozinho, embora estivesse super esperto e vida normal. Dava ovos e leite na seringa duas vezes ao dia, o que o manteve forte e não debilitou. Hoje, está com apetite super bem. Até pede comida. Recuperou a força das patinhas, corre, brinca e raramente tropeça e cai. A ferida na pata está totalmente cicatrizada. Não está tomando nenhuma medicação. Está esperto, ativo e brincalhão. Inacreditavelmente. Uma benção.

26/04/17: Passaram-se algumas semanas. Tratamentos suspensos. Estava só no corticóide, mas o fígado estava sofrendo. Parou tudo. Os gânglios estão bem aumentados. Mas ele está super bem. Mesmo com o frio, velhinho, está ativo, correndo, latindo!
Tem recebido REIKI diariamente.
Dei uma suplementada na alimentação: arroz, legume, fígado de boi, ovo, pó de casca de ovo (cálcio), casca de banana (há uma substância que combate o câncer), proteína em pó.

03/06/16: Todos os tratamentos convencionais suspensos. Intervenção apenas em caso de dor ou febre, o que tem ocorrido uma vez por semana.
Esfriou e surgiram as dificuldades próprias de um cão idosinho no frio.
Os gânglios estão super aumentados, mas ele segue vida normal! REIKI diariamente.
Com apetite admirável!
Neste momento, roendo um ossobuco aqui ao lado!
Gratidão!

04/06/17: Domingo ensolarado de outono. Ele está fraquinho. Com fraqueza nas patas, andando com dificuldade. Comeu pouquíssimo. Está deitado aqui ao lado bem molinho. Respiração pesada. Dei dipirona, o olhar melhorou, levantou, deu uma volta.
Nestes momentos, a vida exige força e traz fraqueza ao mesmo tempo. Numa oscilação de sentimentos. Paz e angústia vão se mesclando. Sinto-me frágil, querendo acolhimento, colo, carinho e afeto. Sinto-me com serenidade para o enfrentamento, empoderamento humano. Dois viéses da mesma moeda. Interessante. Tempo de aprendizado novamente. Recebo e agradeço.

Sobre a eutanásia...

Algumas pessoas me lembraram dessa hipótese neste momento.
De jeito nenhum.
Estou controlando o bem estar dele e só.
Desconforto, dor.
Dei um sorvete de frutas. Ele tomou todo. Está com dificuldade para engolir, gânglios muito grandes no pescoço.
Passar juntos por esse momento é algo tão enriquecedor.
Paciência, compaixão, serenidade, calma, tranquilidade, angústia, agonia são todos sentimentos que temos que administrar.
São momentos de evolução pura. Momentos em que nos tocam aquilo que é mais sagrado. E não tem nenhum milagre a esperar. A não ser viver cada minuto como milagrezinhos em conta gotas.
Minha outra cachorra, a quem sou muito ligada, percebe o clima e não desgruda. Está irrequieta, ansiosa, atenta a qualquer movimento. Tenho vivido dolorosos ricos momentos.
Um amigo (valeu, Kim!) me falou sobre uma coleção de livros intitulado "Thank God I" (Agradeço a Deus por), em que são narradas histórias de dor nas quais os protagonistas agradecem, de algum modo, a experiência. Parece paradoxal, mas não é. Quando se vive uma verdadeira dor em sua inteireza, é possível ser grato às preciosidades dela advindas.
Sou radicalmente contra a eutanásia. Estamos todos em expansão de consciência (todos os seres senscientes) e seria um desperdício de oportunidade abreviar um momento profundo de aprendizado.
Seguimos em frente.

06/05/17: Câncer tem cheiro?
Totó está fraquinho. Com dificuldade para andar e até mesmo ficar em pé. Mas está andando. Faz xixi e cocô sozinho. Tem mostrado apetite, mas não come. Estou dando papinha na seringa (papinha infantil + ovo + água + suplemento de proteína).
A respiração está pesada, mais ruidosa.
Há uns 2 dias, tenho sentido um odor que me lembrava a doença.
Cuidei de outros animais em estado avançado e sentia o mesmo aroma, meio adocicado.
Pensei se o doente oncológico exalaria algum odor específico. E sim, pode ser. As células cancerígenas possuem um metabolisno diferente das sadias e isso pode gerar um cheiro característico. Inclusive, o avanço da medicina tem sido na direção de desenvolver exames que detectariam o problema analisando odor exalado.
Por outro lado, o avançar da doença afeta outros órgãos como estômago e fígado, podendo causar odor pela própria desfunção de tais órgãos.
Aliás, há algum tempo, foi feito exame de função hepática e deu alteração, como esperado nesses casos. Fou medicado e continua tomando remédio para estômago como omeprazol e ranitidina.

No mais, a cada minuto ao lado dele me permito crescer, evoluir.
Tudo que acontece é cheio de significados, como vê-lo andar, engolir o alimento, virar-se na caminha.

Devido ao estado bem grave, tenho mantido-o perto dia e noite. Às vezes, ele some! O que é ótimo, foi dar uma volta, fazer as necessidades, tomar sol.

Não sei como está o organismo, certamente com diversas metástases, mas ele caminha, de todas as formas. Não desiste. E, enquanto ele não desistir, eu me mantenho firme junto.
Sinto-me com o coração grato por vivenciar esses momentos únicos.
Tenho conversado muito com ele e estou serena. Vivendo um dia de cada vez, agradecendo e valorizando cada minuto, cada segundo de existência dele.
Fiquei imensamente grata por ele te me esperado voltar de viagem. É um presente valioso.
Estamos aprendendo juntos.

Soldado Ryan

Hoje, me lembrei do filme "O Resgate do Soldado Ryan". Em guerra, um soldado é questionado por ir até um amigo que provavelmente não sobreviveria. E não sobreviveu, mas o amigo se regozijou com plenitude ao saber que o amigo o viu vivo e soube que ele esteve lá para ele.
Estar presente. Tenho estado presente com meu cachorrinho. Tenho feito questão de que ele me veja a cada despertar e esteja seguro de que estarei sempre ao lado.
Eu estou aqui.

06/06/17: Totó está andando neste momento. Saiu e voltou várias vezes. Quando acho que está no fim, não estava! Não quer deitar na caminha dele, quer na dos amiguinhos.
Um bom sinal para avaliar quão se sentindo mal está um cão é observar como deita. A posição deitada de lado (decúbito lateral), bem "largado", indica relaxamento (se saudável) ou prostração (se doente). Quando melhoram um pouco, costumam deixar com a barriga para baixo (decúbito ventral). Quanto mais reações, me parecem menos pior, mais reativos aos estímulos naturais como encolher-se de frio ou buscar pisos mais frios para amenizar calor.
Esteve chovendo e friozinhos nos últimos dias. Hoje, esquentou. Ele pareceu mais animado, bem devarzinho e com paradas, foi até a cozinha atrás de comida.
Quase vida normal. Milagre de cada dia!
Gratidão.

07/06/17: Quase 15 anos. 8 meses de diagnóstico de linfoma. Medicamento alopata apenas para febre e dor. Reiki. Roendo osso com vontade!
Gratidão2!

11/06/17: Cada dia é uma vitória.
Ele está com fraqueza nas patas, principalmente traseiras. Anda e cai, às vezes não consegue levantar. Mas anda. Vai tomar sol, vai fazer xixi e cocô na grama. Dá uma passeadinha.
Tem apetite, se mostra interessado em comer, mas não muito. Engasga um pouco (garganta bem comprometida) e prefere alimentos mais saborosos. Como está comendo de tudo, não quer a comida de sempre (arroz, fígado, legumes).
Tem tido dor, algumas apalpações doem, principalmente na região dos gânglios, pescoço. Tenho dado dipirona para dor, dia e noite. Comprei o infantil, que é docinho e ele engole bem.
É cansativo cuidar de um ser doente, debilitado, que vai dependendo cada vez mais de ajuda (por isso é um aprendizado constante, testamos muitas habilidades, limites, sensações e sentimentos). Quem cuida por obrigação (os auxiliares, favores e ajudas) já começa a perder a paciência, o cansaço esgota.
Mas não hei de desistir. Estamos juntos e assim será até o fim.

13/06/17: Está fraco. Mas come papinha, bebe água e faz xixi e cocô.
Um volume embaixo da axila aumentou nos últimos dias. Parecia ter líquido livre. Não sei se seria um tumor ulcerado ou abcesso.
A região estava dolorida, encostava chorava.
A pele estava bem fina, à noitinha, estourou. Vazou muito líquido. Era um abcesso. Secreção grossa, espessa, vermelho escuro, com pedacinhos de massa e coagulinhos de sangue, cheiro de infecção.
Ontem e hoje, fiz CROMOTERAPIA com luz vermelha (para fortalecer sistema imunológico). Parece que surtiu efeito rapidamente. Mantido o REIKI.
Deixei sair todo o líquido, o local voltou ao normal, volume saiu. Fiz assepsia do local, coloquei papel absorvente para algum resíduo. Dipirona para dor. Ele dormiu com carinha melhor.

15/06/17: a dor do abcesso foi eliminada. Tenho passado antiséptico spray e está bem sequinho, embora com um furinho. Apesar do estado grave, o organismo dele tem respondido muito bem aos cuidados.
Hoje, não comeu espontaneamente. Dei papinha reforçada de mucilon baby + whey protein + ovo + papinha de bebê.
Continua fraco, mas me admira ele se levantar para fazer xixi e cocô. Apesar de toda a fraqueza e dor na pata (esfriou e já tinha dor antes), cada vez que ele levanta e dá um jeito de fazer xixi no quintal eu revejo a personalidade perseverante, determinada que ele tem. Não se entregou!
Também quis tomar sol hoje. Foi sozinho e ficou um bom tempo deitado na grama ao sol da manhã.
Na maioria das vezes, quando levanta sozinho e vai pro quintal, cai e não tem forças para levantar. Sempre que ele sai, vu atrás, mas deixo ele livre para andar e até incentivo que ele se locomova.
Gratidão por maus esses momentos de cansaço, mas de amor!

17/06/17: já estamos no meio do ano.
Ele piorou. Dificuldade respiratória (fluído no pulmão) e anemia. Está bem fraquinho e começou a não conseguir levantar pra fazer xixi. Até tenta, mas cai e não segura.
Mal de apetite. Papinha com insistência.
Diante do quadro, levei no vet hoje. Febre estava alta e bem prostrado.
Tomou soro, vitamina, antitérmico e analgésico. Voltou mais animado.
Até andou um pouquinho. Mas logo cai.
Tem oscilado entre prostração e tentativa de andar, não tem forças e chora.
Tenho mantido no Dipirona e Tramal, embora não me parece ter dores profundas, mas dificuldade respiratória e mal estar de febre.
Força para seguir!

18-19/06/17: um sopro de vida.
Tive que separar o Totó dos demais cães por causa da gripe/pneumonia.
Estava dormindo com ele ao lado com outros cães, mas diante desse quadro contagioso, tive que preservar os demais e isolá-lo num cômodo sozinho.
Deixá-lo sozinho foi dificíl, mas não acordar a cada respirada diferente ou movimento foi bom pro meu sono, estava a caminho da exaustão (mais emocional a física).
Segundo dia dormindo longe, já não consegue levantar pra fazer xixi e cocô.
Estava colocando panos e trocando, mas a vet sugeriu tapete higiênico e, em nome do meu cansaço, aceitei. O tapete absorve e suja muito menos, ele e o local. Foi prático.
Segunda noite dormindo sozinho, vou a cada tempinho pra ver se está sob controle e fazer as trocas higiênicas.
Na última ida da noite (não tinha feito o xixi do final do dia ainda), encontrei ele quase sentado, fora da caminha, xixi e cocô e numa leve convulsão. Apenas o olho tremia e muito sutilmente. Alguém menos experiente não perceberia, pois estava aparentemente igual e até com mais reflexos que os momentos anterior.
A convulsão foi bem leve, mas durou mais de horas. Fiquei perto dele conversando e acalmando-o no escuro. A pupila estava dilatada (convulsão). Patinhas e trufa (nariz) frios. Mantive ele aquecido. Aos poucos, a situação foi surpreendemente se normalizando. Depois de mais de 2h, o olho estabilizou. O nervo ótico parou de se mover involuntariamente. A respiração difícil e acelerada ficou bem calma, tranquila, suave e baixa. Reverteu-se o quadro. Ele é forte.


Meu anjinho partiu em 20/06/17.
Os últimos dias foram bem difíceis, mas a experiência da passagem enriquecedora.
Vou escrever sobre isso em postagem separada. Mas foi tudo... bonito. Triste e bonito e transformador.
Fomos juntos até o final. Respeitei todos os momentos dele, enquanto ele quis ficar, foi amada e querido. Foi menos dolorido do que eu esperava. Foi um aprendizado impagável!
Agora, está no coração ♡!

Eclesiastes 3:
"Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer;"

Amo você para sempre, filhinho!