O Playcenter foi um parque de diversão localizado na cidade de São Paulo, muito conhecido, aberto em 1973 e encerrou suas atividades em 2012.
Fui
em busca de informações sobre o destino das orcas do Playcenter (Aquarama).
Localizei
um Blog escrito em inglês que fala do destino de Samoa, uma das orcas que viveu
no Playcenter.
O
artigo foi escrito originalmente em inglês pelo autor do blog Without You There Is No Me, que gentilmente
que concedeu autorização expressa para tradução.
Adiantando,
Samoa morreu no SeaWorld de San Antonio e o artigo fala principalmente das
causas de sua morte segundo o laudo necroscópico.
O
relato traz muitas questões sociais envolvidas.
A
autoria do artigo é do blog http://withoutmethereisnou.wordpress.com/
Assim,
este blog não se responsabiliza pelo seu teor, apenas cuidou de traduzir.
Alguns termos foram mantidos (técnicos, por exemplo), para evitar imprecisões de
tradução.
Eis
a versão traduzida para o português:
“A verdade por trás da morte de Samoa – doença de cativeiro não encontrada
em orcas selvagens.
A verdade por trás da morte de Samoa:
Samoa, uma orca fêmea de 14 anos, comprada pela SeaWorld Inc. morreu em
decorrência de um FUNGO, e não de complicações do parto. Novos detalhes
chocantes revelados publicamente sobre ela e seu filhote.
Em 1989, a SeaWorld Inc. adquiriu Samoa, uma orca de aproximadamente 12
anos de idade da Aquarama, São Paulo, Brasil. Samoa foi enviada ao SeaWorld
Aurora em maio de 1989 e, em 14 de maio de 1992, Samoa morreu no SeaWorld de
San Antonio.
Samoa ficou prenhe do macho Kotar durante o período em que esteve no
SeaWorld de San Antonio, de um feto do sexo feminino. Ao 13º mês de gestação,
Samoa ficou tão doente, o que levou a sua morte e de seu feto.
De acordo com o Relatório do Inventário de Mamíferos Marinhos (Marine
Mammal Inventory Report), a baleia fêmea de 14 anos chamada Samoa teve como
causa da morte Meningoencefalite micótica
(MYCOTIC MENINGOENCEPHALITIS).
O relatório do laudo da necropsia afirma que Samoa morreu de Zycomicose sistemática
(SYSTEMATIC ZYGOMYCOSIS), o que
raramente causa doença em pessoas ou animais. Esta conclusão foi extraída de um
estudo cientifico da revista Zoo and Wildlife Medicine 2002 - American Association
of Zoo Veterinarians.
‘Durante um período de 10 anos, uma baleia assassina (Orcinus orca), dois golfinho-de-laterais-brancas-do-pacífico (Lagenorhynchus
obliquidens), e dois golfinhos-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus), todos abrigados
no SeaWorld do Texas de 1991 a 2001, foram infectados por fungos da classe
dos Zygomycetes de classe. Em quatro dos cinco casos, os fungos foram
identificados como Saksenaea vasiformis ou Apophysomyces
elegans. A morte ocorreu aos 23 dias
após os primeiros sinais clínicos’.
‘uma baleia assassina estava infectada pelos zygomycetes, Em um os casos, infecção originada na
placenta e no útero de um animal periparturiente’
Também na busca
de informações sobre Samoa, deparamo-nos com informações afirmando que Samoa morreu
de complicações do parto.
Baleia assassina morre durante o parto – filhote
também morre.
No entanto, após
exame do relatório do laudo da necropsia Samoa há indícios de que ela tinha
"uma severa infecção causada pelo
fungo" e "o grau de
autólise (autodigestão refere-se à
destruição da célula por meio da ação de suas próprias enzimas) do tecido
fetal é compatível com a morte intrauterina (dentro do útero) muitos dias antes da morte da mãe’.
Em 14 de março de 1992, Samoa começou naturalmente a
abortar espontaneamente o feto morto.
‘vermes fetais foram observados saindo da
fenda genital’.
O corpo de Samoa estava tentando abortar o feto morto!
O período de gestação
médio de uma orca é de 15 a 18 meses. Samoa, em apenas 13 meses, foi compelida
a parir. Logicamente, isso significaria que ela estava tendo um parto
prematuro.
O relatório da
necropsia de Samoa afirma:
‘Saksenaea Vasiformis
foi isolado a partir do útero. Hifas (fungos) observados microscopicamente no útero e do tecido do cérebro eram idênticos.
Samoa apresentou espaço cavitacional e oco de 3,5 a 4 polegadas no hemisfério
direito de seu cérebro’. (Saksenaea zygomycetes também
agressivamente invadiu o sistema vascular).
Samoa teve uma
enorme área no cérebro que havia sido seriamente danificada pela disseminação
do fungo que se originou em seu útero. Ela literalmente teve danos cerebrais uma
vez que seu cérebro estava sendo devorado por um fungo comum encontrado no
solo.
‘O que foi divulgado
Sea World - San
Antonio (1992): Meses antes de sua morte em 1992, espectadores
horrorizados tinham assistido Samoa orca
executar performances ‘bizarras, movimentos repetitivos, arremessando seu corpo
no ar e caindo novamente e novamente sobre a superfície dura da uma plataforma
larga ah margem de sua piscina’. Em uma nota trágica, Samoa estava grávida,
e seu feto já formado completamente morreu com ela devido a complicações no
parto (WDCS relatório Orcas: Dying to Entertain You, pg 45.). (WDCS report Orcas:
Dying to Entertain You, pg. 45).”
Saksenaea Vasiformis é um fungo infeccioso encontrado em todo o mundo em
associação com o solo. É mais frequentemente associado com lesões cutâneas
(relacionadas com ou existindo sobre ou afetando a pele) ou lesões subcutâneas
(localizadas logo abaixo da pele) após trauma. É muito incomum que indivíduos
contraiam Saksenaea
Vasiformis, a menos que o sistema imunológico esteja comprometido
ou enfraquecido. A chance de cura do indivíduo depende muito da detecção
precoce e tratamento. Se não tratada, a morte é inevitável, como no caso de
Samoa.
Ao entrar em
contato com o Saksenaea
Vasiformis com uma ferida aberta, com sistema imune comprometido e é infectado
por ele. Há geralmente duas fases de sintomas apresentados. Se tratado
imediatamente com medicamento para o combate ao fungo, os resultados geralmente
não são fatais. Se há um tratamento inadequado ou nenhum tratamento durante a
primeira fase dos sintomas, os resultados podem e geralmente levam a morbidade ou mortalidade.
Para este tipo
de fungo estar presente no útero de Samoa indica a ocorrência necessária das situações
diferentes:
- Samoa teve uma
lesão ou o corte de seu útero
- Enquanto
apresentava a lesão aberta, Samoa teve “algo” inserido no útero que levou o
fungo até o local
- Samoa estava
com o sistema imunológico comprometido
- Samoa
permaneceu sem tratamento para esse tipo específico de fungo por tanto tempo
que levou à sua morte e do filhote.
Como podemos ver
aqui, treinadores não usando luvas médicas durante a sessão de inseminação
artificial.
Esse fungo
poderia ter sido facilmente transmitido por intermédio de um instrumento médico
infectado ou até mesmo pelas próprias mãos um treinador. A transmissão do fungo
também pode vir a partir da água da piscina quando procedimentos zootécnicos
estavam sendo realizados. As orcas não
são conduzidas à água limpa durante realização de procedimentos zootécnicos.
Essas sessões ocorrem nas mesmas piscinas onde as orcas nadam, urinam, defecam
e treinadores nadam e andam dentro.
Outra opção
seria a de que durante as sessões de acasalamento com Kotar, e macho tenha rasgado
o útero de Samoa ele mesmo infectado Samoa com o fungo, seja através da transmissão
de água da piscina ou de si mesmo diretamente. O risco de Zicomicose é especialmente elevado quando as membranas ou muco da
pele foram feridos. O cuidado da ferida é essencial na prevenção de Zycomicose.
A ferida deve ser cuidadosamente limpa e tratada em
caso de sinais de infecção, o que obviamente não ocorreu.
A porta de
entrada da contaminação nunca será conhecida. Não há evidência de o SeaWorld ter
buscado os porquês e como com os porquês e como Samoa efetivamente adquiriu o fungo.
Samoa tem um
relatório do laudo de necropsia bastante grande. Em parte, isso se deve a todos
os danos que ela sofreu enquanto esteve no cativeiro. Essa não é uma doença
típica de orcas selvagens.
- Fissuras
superficiais foram irradiando de seu orifício respiratório, sem evidência de
trauma externo. Muito provavelmente causada por queimadura solar de longo prazo
ou ressecamento da pele circundante do orifício respiratório.
- Parasitas
múltiplos como vermes foram observados incorporados no tecido de granulação
(tecido conjuntivo novo e pequenos vasos sanguíneos que formam nas superfícies
de uma ferida durante o processo de cicatrização) nas suas cavidades nasais
sinusais. Sua trompa de eustaquio esquerda (passagem que equilibra a pressão do ar no ouvido)
foi completamente destruída por tecido de granulação (tecido conjuntivo novo e
pequenos vasos sanguíneos que formam nas superfícies de uma ferida durante o
processo de cicatrização) e osteófitos (osso esporas) resultante da presença de
parasitas.
- Coágulos de
sangue e pontos ocos em seu cérebro
- Principais
brônquios cheios de uma espuma branca
- Ambos os
pulmões estavam cheios de fluídos: uniformemente de cor vermelha escura, espuma
branca vermelha escorreu para fora em corte seccional
- Parecia haver
uma quantidade excessiva de fluido, de cor amarela
clara na sua cavidade abdominal. Petéquias (manchas planas de forma arredondada
sob a pele causada por hemorragia) foram observadas na parede peritoneal
adjacente ao útero
- Várias
pequenas pedras nos terceiro ou quarto compartimento do estômago
Sistema
Reprodutor:
‘A trompa de falópio esquerda continha um
feto do sexo feminino ao final do período gestacional que pesava 104,5 kg. O
tecido fetal apresentava autólise avançada (autodigestão)’.
A trompa de falópio
estava distendida com o feto. Superfície
uterina difusamente vermelho escuro, placenta uniformemente vermelho escuro e
múltiplas petéquias (pequenos (1-2mm) vermelhas ou manchas roxas) e hemorragias
difusa na camada serosa do útero.
Resumo total:
1. Malacia
(estado de amaciamento de tecido anormal) e cavitação do centro lateral do
hemisfério cerebral direito (no cérebro).
2. Múltiplas Hemorragias
uterinas.
3. Sinusite pterigoidea
verminotica (verme comum do Atlântico Norte)
4. Filhote fêmea
autolitico (autodestruição celular) na trompa de falópio esquerda.
Resumo
microbiológico: Saksenaea Vasiformis foi isolado a partir do útero. Hifas (fungos) observadas
microscopicamente no útero e tecido cerebral eram idênticas.
Assinado por:
Leslie M. Dalton
aos 23 de abril de 1992.
Ronald R.
Crawley, DVM, PhD da University of Texas Health Science Center de San Antonio
também fez comentários sobre os achados de necropsia.
"O organismo micótico só foi encontrado
no útero e cérebro. Minha impressão é que houve uma endometrite micótica primária
desenvolvida que se espalhou para o cérebro desenvolvendo uma encefalite
fulminante. O grau de autólise do tecido fetal é compatível com vários dias
morte intrauterina antes da morte da matriz”.
Clifford J.
Hixson VMD, Diplomata, do American College of Veterinary
Pathologists enviou diretamente este comentário ao SeaWorld do
Texas em relação à Samoa e seu filhote.
‘Zicomicose
sistemica é o mais provavelmente responsável pela morte da
baleia assassina mãe e seu filhote. Dano tecidual grave associado com o
crescimento luxuriante de organismos fúngicos está presente em ambos o cérebro
e do útero da mãe. Embora hifas de fungos sejam evidentes em várias áreas da
placenta, não há nenhuma evidência microscópica de invasão sistêmica de
organismos fúngicos no filhote”.
Ainda que o relatório da necropsia, juntamente com as
outras letras mencione que o feto morreu dentro do útero antes da morte de
Samoa, não há menção alguma do que realmente causou a morte do filhote. Acho
que isso é outro assunto que o SeaWorld não se importava de saber sobre os
porquês ou como.
Isso levanta novamente a
questão sobre os procedimentos médicos serem realizados em ambientes não
estéreis com manipuladores que não usam luvas ou equipamento estéreis. Pode o SeaWorld
realmente atender às necessidades médicas de orcas em cativeiro? Isso novamente,
como com Kanduke, pode ser outro lembrete de uma doença que parece ser estar
isolada no cativeiro.”
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