quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

ANIMAIS - Por que meu cachorro morreu



Tenho recebido desabafos de pessoas que perderam seus animais e estão inconformadas, se sentindo culpadas, sem saber o quê pensar.

Não tenho a resposta para cada caso. Depende de cada situação e todos os fatores envolvidos.

Mas a minha mensagem deve acalentar o coração enlutado.

O luto é natural e seria estranho não passar por ele ou tentar "pular" essa fase. Animais, realmente, fazem parte da família e eu não tenho dúvida nenhuma de que podemos sentir por eles afeto como por um ser humano, mesmo. Nem todos sentem, obviamente, mas esse sentimento vem se mostrando intenso, como podemos ver as grandes mobilizações quando o noticiário divulga algum tipo de maus tratos. Eu vejo com uma evolução sensível, mas essa análise do papel dos animais em nossas vidas fica para outra oportunidade.

Eu perdi uma cachorrinha duma forma muito agressiva para mim. Já escrevi sobre, mas prefiro não entrar em detalhes do ocorrido neste momento. Foi em 2013 e meu luto foi pesado, intenso, profundo. Perdi vários animais e sempre foi bem sofrido, porém, no caso dela, foi diferente por algumas razões. E transformador também. A passagem dela na minha vida, os 9 anos que convivi com aquele tesouro somente aumentaram a qualidade do meu coração. Hoje, eu tenho saudades, mas choro pouco. Consigo visualizar mais clareza do que antes, quando a dor me cegava, que eu só consigo agradecer e enxergar o amor infinito que trocamos. E permanece aqui intacto.

Com o tempo, me dei conta de que eu tinha que decidir: ou eu guardava as lembranças dela numa gaveta imaginária e tocava a vida, ou eu não resistiria. Pela falta de opção, guardei. Não passou a ser mais fácil. Passei anos (sim) com uma revolta no peito.

Lentamente, a dor foi dando espaço ao amor.
E me dei conta que, a forma de sobreviver era tranaformar a lembrança da vida dela em amor puro. Espalhar por aí.

Curtir a dor eternamente seria como esquecer o quão preciosa foi a nossa convivência. Seria como lamentar algo ruim. Sim, a passagem dela foi doloridíssima. Mas a VIDA dela? A vida dela era algo a se celebrar, era algo a se honrar, era algo que devia frutificar. A existência daquele ser especial na terra não podia ter sido em vão, tinha que transcender.

Foi aí que fui dando eapaço no meu coração para manter a prática de tido que ela me ensinou todos os dias: amar incondicionalmente. Tinha outros cães na época, que também precisavam da minha atenção e não enchê-los de carinho seria um grande desperdício da vida.

Fui voltando à vida "normal", mas muito melhor. Um ser humano melhor! Era o mínimo que poderia fazer em gratidão a ela!

Transformei, com muito sacrifício pessoal, toda pequena lembrança dela em amor, afeto, carinho. Era a forma de reverenciar a vida dela. Homenagear a sua existência. E fazer valer o legado que ela ensinou.

Ela passou a viver dentro de mim duma forma bela, terna, mágica e insubstituível. Nenhum animal substitui outro. Mas tê-la comigo nas recordações, no coração, na alma acalmou meus ânimos. Ao mesmo tempo que, com toda certeza, eu sei que ela me levou no íntimo dela. A nossa história não acabou e sou convicta disso.

Amor não morre, transforma e paira no ar com a leveza do que nunca acaba. A saudade é o museu do amor! Quando suas lágrimas insistirem em rolar a face, deixe que escorram até o coração e irriguem as flores que plataram juntos!

Todos nós iremos nos encontrar com nossos filhinhos. Um dia, mas não agora...
Enquanto isso, a gente vai amando outros animaizinhos!



Fica esta minha declaração ao amor da minha vida, Bibi!

Obs.: Outra hora conto a surpresa e o presente inimagináveis que a vida me deu depois disso...



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