sábado, 20 de outubro de 2018
ANIMAIS e Nós
De tantas coisas que aprendi comvivendo com animais, uma sensibilidade apuradíssima é das maiores.
Sempre gostei muito dos animais e estar perto deles, até hoje, é algo que me aquece o coração inevitavelmente. Às vezes numa maior proporção, outras em menor, depende do estado de ânimo, da fase da vida.
Recentemente, falei a um amigo que acordo cedo todos os dias para atender meus filhos. Ele respondeu que animais não são gente.
Não vou adentrar a questão que muitos se vem falando que gosta mais de animal a pessoa, porque os tempos estão insuportáveis, cheio de ódio e blábláblá. Não concordo com isso e não tem medo de gostar das pessoas, pelo contrário, parece que elas que têm de mim...
Mas voltando ao assunto, tenho me sentido com uma hipersensibilidade diante dos animais. Das suas vidas, dos seus sofrimentos, dos seus sentimentos, das sensações e tudo mais pelo que eles passam indefesamente.
Ainda que sejam seres sencientes, e, no meu sentir, muito além disso, não têm nenhum poder de escolha, contam apenas com a sorte literalmente.
Nós, humanos, já nos sentimos tão abandonados, perdidos, eu imagino o que eles devem sentir, considerando que, também, sentem e não tem a quem recorrer, a quem pedir proteção, a quem contar seus medos e esperar alguma sensação de segurança.
Claro que aqueles que possuem bons cuidadores, ou apenas cuidadores, são privilegiados, mas me refiro ao fato de que eles não puderam escolher estar nessa situação. Nós é que escolhemos por eles pela vida deles.
A dimensão de responsabilidade disso é imensurável: escolher por um ser vivo que não tem voz.
Aqueles que foram escolhidos pressupõe-se viver bem, porém e aqueles que não foram escolhidos por ninguém? Ou que foram "desescolhidos", rejeitados?
Pensar nesses animais que não usufruem de uma vida digna dói meu coração. Dá aflição. Cada vez que vejo uma cena que se refira a qualquer mal estar animal é como se alguém tocasse nervos expostos, tomar água gelada com dente sensível, me dá ânsia: é muito além de dor.
Saber que algum animal está sofrendo me derruba, me revira o organismo, eu não tenho conseguido lidar com isso. Cada vez, essas situações de indignidade animal me aterrorizam mais e mais, sinto como se me arrancassem a pele.
Fere a minha dignidade humana. Me sangra.
Minha vontade é acolher, abraçar, resgatar, pegar no colo e proteger de todo sofrimento para sempre.
Talvez, eu me identifique com essa situação de abandono que vejo neles e, por isso, a dor deles toca a minha alma. Eu quase não aguento. Eu sinto tanto por eles que, muitas vezes, preciso de recursos calmantes para voltar ao eixo após vivenciar com eles uma experiência desoladora, devastadora qualquer.
Dói. Dói. Dói.
O olhar de dor de um animal atravessa o profundo do meu ser, me rasga.
Não consigo mais falar. Só sentir muito.
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