Venho falar sobre tratamento com células-tronco em cães.
A veterinária indicou o tratamento devido a alergia de minha cachorra.
Tenho uma bulldog alérgica a algumas substâncias com as quais ela tem contato muito frequente e estava difícil evitar o contato e controlar as reações alérgicas.
Foi feito um teste de alergia e diagnosticou-se reação alérgica alimentar (arroz, cenoura, frango, milho etc.), plantas (principalmente grama) e outras. O resultado do exame deu cão atópico. Cão atópico é aquele que possui alergia crônica, genética e incurável, mas tratável. A atopia gera hipersensibilidade a vários alérgenos ambientais, sejam absorvidos pela pele, inalados ou ingeridos.
Meus animais são alimentados com comida natural feita para eles. A base da comida é arroz. Até mesmo a base das rações é arroz. Logo, ficou complicado ajustar alimentação para ela. Tentamos ração hipoalergênica (especial para animais alérgicos) e não deu certo, provavelmente alergia a algum componente da fórmula.
Foi então que a ver indicou as células-tronco. Há a possibilidade de imunoterapia, mas não poderia entrar em contato com os alérgenos (comida, grama, pólen etc.). Durante o tratamento, ela não poderia ingerir os alimentos que provam alergia.
O tratamento deve ser feito por veterinário capacitado, com curso especializado.
O material é aplicado via venosa. É bem simples, na clínica no vet mesmo, aplica-se um soro e o material da célula. Leva uns 40 minutos, pois o material vem acondicionado e deve passar por um preparo (feito pelo vet na hora) e aplicado. Tudo isso deve ser feito num prazo curto. O material chega e no mesmo dia (algumas horas), deve ser utilizado.
O único incômodo do animal é ficar no soro por cerca de 40 minutos a 1 hora. No mais, vida normal, sem dor ou outros efeitos.
No caso da minha cachorra foram feitas 5 aplicações num intervalo de 20 dias entre uma e outra. A quantidade de aplicações será determinado pelo ver, conforme cada caso.
O previsto para minha cachorra era 4 aplicações. Hoive necessidade de uma a mais porque ela comeu algo que não poderia e atrapalhou o tratamento, sugerindo o reforço com mais uma aplicação.
Como disse anteriormente, durante o tratamento ela não deveria entrar em contato com o que provoca alergia e para o que o tratamento está sendo feito. Ou seja, como foi feito tratamento para alergia alimentar, não havia restrições quanto à grama, por exemplo. Ocorre que ela comeu milho nesse meio tempo. Foi um acidente. E o tratamento desandou. Houve muita reação alérgica (coceira). Eu me orientei com a vet sobre as eventuais consequências em caso de contato com o que estava proibido. Ela me informou que poderia acontecer justamente o que houve: potencializar a alergia.
Tire todas as suas dúvidas com o vet responsável pelo tratamento. O que pode ou não, todos os cuidados e cautelas no período. Essas informações são fundamentais oara o sucesso do tratamento e a saúde do animal ficar equilibrada.
Enfim, foi aplicada mais uma vez do que o indicado. Até porque é um tratamento caro para correr risco de perder todo o trabalho.
Sobre valores, sim é um tratamento bem caro. Cada sessão custa cerca de R$1.500,00. Houve necessidade de fazer o teste de alergia antes, cujo valor fica em torno de R$500,00. Além de outros custos com o veterinário, você deve se informar com o vet sobre tudo isso.
Resultados
Já faz um ano que ela passou pelo tratamento. Valeu a pena.
Realmente, o custo financeiro é bem alto. Requer planejamento financeiro mesmo. Cabe ao proprietário ponderar o quanto o animal sofre. Em casos de alergias graves vale. No caso da minha bull, apesar de não ser grave, ela não chegava a inchar, inchaço é mais grave, ela apresentava muita coceira ao entrar em contato com grama, que é uma área da casa que ela gosta, faz as necessidades e isolá-la da grama seria muito difícil. Na pior das hipóteses, teria que retirar o gramado, algo bem complicado, com custo alto também numa eventual reforma do ambiente.
Então foi uma alternativa super válida.
Apesar de o foco do tratamento ter sido para alergia alimentar, todas as outras melhoraram.
Atualmente, ela tem alimentação especial e sem muitos problemas com a grama.
Antes do tratamento, ela passava noites inteiras se coçando e em algumas fases tomando anti-alérgico diariamente.
Hoje, raramente ela se coça e toma anti-alérgico. Tem vida normal, inclusive faz necessidades na grama.
Outras indicações
Além das indicações que eu cotei, há outras, que podem melhorar radicalmente a qualidade de vida dos animais, como em caso de perda de movimentos (não anda), por lesões ortopédicas.
Já tive um animal que sofreu lesão na coluna, não andava, e era muoto trabalhoso e sofrido cuidar dele. Na época, não havia células-tronco disponível para animais. Mas eu certamente faria se houvesse. Meu cachorrinho viveu muitos anos sem andar e uma alternativa que o fizesse recuperar a locomoção, ainda que não totalmente (manco, com dificuldade), aliviaria muito pra ele e pra mim. Afinal, tive que adaptar um canil só pra ele, ele tinha incontinência urinária e fecal. A vida dele mudou totalmente, ele quase que totalmente dependente de mim. Apenas se alimentava sozinho. Em resumo, em casos bem complicados, qualquer possibilidade de melhora deve ser tentada. Soube de animais que viltaram a andar com o tratamento, melhora impensada anos atrás, apenas com cirurgia e não garantida.
Como qualquer tratamento em organismo vivo, jamais os resultados podem ser assegurados (e você deve questionar o vet sobre o que esperar ou não), mas se tratando de algo não invasivo, como cirurgia delicadas e arriscadas, vale a pena. O que pesa é o valor mesmo, que deve ser considerado diante de todo o benefício.
Fiz algumas perguntas para a veterinária que fez o tratamento de células-tronco, principais esclarecimentos e dúvidas. A Dra. Taísa Pardini atende na Clínica Pets & Selvagens (www.petseselvagensvet.com.br). Aos interessados, entre em contato.
IL CAGNOLINO: O que é tratamento com células-tronco em animais?
DRA. THAÍSA PARDINI: As células-tronco tem a capacidade de restabelecer (melhorar) o tecido lesionado tanto na sua forma estrutural como funcional. Em resumo, elas fazem o reparo do tecido que está doente. Elas se diferenciam e fazem fusão celular do tecido doente (no caso de uma doença renal, por exemplo, a célula-tronco vai se diferenciar em uma célula renal saudável). As células-tronco também tem ação anti-inflamatória, impedem a formação de fibrose e impedem a morte celular. As células-tronco funcionam impedindo o avanço da doença e em alguns casos regenerando o tecido.
IL CAGNOLINO: Quais as indicações de tratamento com células-tronco em animais?
DRA. THAÍSA PARDINI: Animais com sequelas de cinomose, insuficiência renal crônica, atopia (caso da minha bull), aplasia de medula ossea (a medula para de produzir células vermelhas e brancas), lesão tendinea e ligamentar, artroses/artrites, lesões em medula espinhas (hernias de disco ou traumas), hepatopatias crônicas. Em fase experimental está o tratamento para epilepsia, diabetes e algumas doenças cardiacas.
IL CAGNOLINO: Quais os riscos ao animal?
DRA. THAÍSA PARDINI: Os riscos são mínimos, desde que seja feito um check up completo no animal antes da aplicação. Deve ser feito radiografias de tórax, ultrassonografia abdominal, além de exames de sangue como hemograma, função renal e hepática, pois o animal não pode ter nenhum tipo de tumor ou câncer, pois ocorre proliferação celular e o tumor cresce rapidamente.
IL CAGNOLINO: Quais as chances de bons resultados esperados? Tratamentos como esse têm apresentado resultados satisfatórios?
DRA. THAÍSA PARDINI: As chances de resultados positivos são grandes. Fazendo as aplicações no tempo certo e no inicio da doença, os resultados são mais satisfatórios.
Agradeço a Dra. Thaísa Pardini e equipe.
Mais informações:
www.petseselvagensvet.com.br
https://www.facebook.com/petseselvagens/
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